quarta-feira, 6 de junho de 2012

Brasil pode ter assento exclusivo no FMI


Fonte: O Estado de S. Paulo
Autor: Fábio Alves
Hoje o voto do País na diretoria exclusiva do Fundo é compartilhado com outros oito países; medida faz parte de acordo sobre revisão de cotas


O Brasil deverá ganhar um assento exclusivo na diretoria executiva do Fundo Monetário Internacional (FMI) com a aprovação do acordo feito no fim de 2010 para a revisão das cotas dos países-membros do Fundo, segundo informou à "Agência Estado" uma fonte do governo brasileiro.
A aprovação do acordo ainda depende de ratificação de um número mínimo de países associados ao Fundo, mas um maior poder de voto, com uma diretoria exclusiva, consolidaria a elevação de status do Brasil em fóruns multilaterais, demanda de longa data do governo brasileiro.

Hoje, o voto do Brasil na diretoria executiva do FMI é compartilhado com outros oito países, entre eles Colômbia, Haiti, Trinidad e Tobago e Suriname. Atualmente, apenas alguns países, como Estados Unidos, Japão, Alemanha, França e Reino Unido, têm assento exclusivo na diretoria executiva - essa diretoria tem 24 assentos. Com a entrada em vigor das novas cotas e o novo poder de voto, o número de assentos permanecerá o mesmo. Apenas alguns países ganharão mais representatividade, enquanto outros perderão.

A expectativa é de que a aprovação do acordo para a redistribuição das cotas possa acontecer na próxima reunião anual do Fundo, programada para outubro em Tóquio. Para isso, é preciso que o acordo seja ratificado pelos parlamentos e órgãos legislativos de países que representam pelo menos 85% do poder de voto no Fundo.

Mas o processo de ratificação está bastante lento. Há até quem duvide que seja possível conseguir a ratificação do acordo até a reunião de outubro. Até o momento, EUA, Canadá, Alemanha, Rússia e, principalmente, vários outros países europeus, que perderão espaço e voz na diretoria, não ratificaram o acordo de 2010. Na mais recente atualização divulgada pelo FMI, em 22 de maio, 77 países-membros, representando 47,18% do poder de voto, haviam ratificado.

Destaque. Para ter maior voz nas decisões do FMI, a cota brasileira será elevada para 2,316% ante a participação atual de 1,79%. E ganhando um assento exclusivo, o Brasil passará a ter uma equipe de economistas e analistas contratados pelo FMI para acompanhar a economia brasileira. Segundo a fonte do governo brasileiro, o FMI já começou até mesmo o processo de seleção de funcionários, exigindo economistas com doutorado ou larga experiência no setor público brasileiro, para a equipe do Fundo dedicada ao Brasil.

Os países emergentes, em particular o Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), vêm demandando um maior peso no comando do FMI, com aumento no poder de voto, num momento em que se exige deles a contribuição de recursos para ajudar a resolver a crise em países desenvolvidos.
Procurado pela Agência Estado para confirmar a informação, um porta-voz do FMI disse que "as reformas das cotas e governança de 2010 incluem mudança para uma diretoria executiva mais representativa e totalmente eleita. Os membros vão eleger essa diretoria no devido tempo, e não seria apropriado para nós prejulgarmos o desfecho desse processo".

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