A internacionalização do yuan, a moeda chinesa, continua avançando, em meio a questionamentos sobre o dólar como moeda internacional de reserva e no rastro da fragilidade do euro, confirmam entidades bancárias.
No período espaço de apenas dois anos, 8% do comércio exterior da China passou a ser denominado em yuan, revelam dados do Instituto Internacional de Finanças (IIF), entidade que reúne os maiores bancos do mundo.
Em comparação, 30% do comércio exterior do Japão é em iene, apesar de a moeda japonesa ser, há muito tempo, uma das moedas internacionais de reserva, juntamente com o dólar americano e o euro.
Ao final de 2011, cerca de 10% das importações chinesas já eram faturadas em yuan. Ou seja, desde que investidores e companhias estrangeiras passaram a deter a moeda chinesa, importadores aumentaram os pagamentos a estrangeiros em Hong Kong na moeda chinesa, segundo o Deutsche Bank.
De apenas 3 bilhões de yuans em 2009, as transações comerciais pagas na moeda chinesa subiram para 35 bilhões de yuans em 2010 e 2,1 trilhão de yuans em 2011.
No entanto, as negociações entre Brasil e China para uso de moedas nacionais no comércio bilateral continuam sem prosperar.
Os chineses querem um sistema de compensações, pelo Banco Central, também nas moedas locais. Ou seja, quem tem superávit recebe na moeda do parceiro. Pequim tem esse acordo com a Rússia. Já o Brasil mantém acordo com a Argentina para os operadores pagarem em real ou peso, mas a compensação é feita ainda em dólar americano.
Como o Brasil tem um superávit elevado com a China, seu principal parceiro comercial, o Banco Central acumularia boa quantidade de yuan sem poder utilizá-lo para outras operações internacionais, e isso não é interessante, avaliam fontes brasileiras.
Autoridades de Pequim vêm aumentando a internacionalização de sua moeda, o que reflete sua presença maior do país na economia global.
O IIF mostra que 25% dos Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) na China foram realizados na moeda chinesa no primeiro trimestre deste ano.
Os depósitos estrangeiros denominados em yuan em Hong Kong alcançaram 600 bilhões de yuans. Também avança esse tipo de atividade em Londres. O mercado de bônus em yuan, os chamados Dim Sum Bonds, cresceu para 206 bilhões de yuans, com uma lista crescente de investidores.
Igualmente, vêm crescendo os esquemas de Qualified Foreign Institutional Investors (QFII), que autorizam instituições financeiras a criar fundos denominados em dólar e yuan em Hong Kong para investir no mercado chinês.
Para Michael Spencer, analista do Deutsche Bank em Hong Kong, em meio à "revolução financeira chinesa", autoridades precisarão "agir urgentemente para recapitalizar bancos [chineses] e, assim, enfrentar os desafios de um sistema financeiro mais competitivo".
Ao mesmo tempo, estima que as autoridades e os investidores deverão aceitar que, à medida que as taxas de juro domésticas subam, "possivelmente dobrando nos próximos anos", o reequilíbrio doméstico pode significar menor crescimento econômico, já que o subsídio para investimento será eliminado.
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