A combinação entre câmbio desvalorizado, carga tributária elevada, pressão inflacionária e burocracia fez o Brasil perder mais duas posições no ranking mundial de competitividade. Em 2011, o País já havia despencado seis posições no índice do International Institute for Management Development (IMD). Entre 59 países, o Brasil ocupa agora o 46.º lugar, abaixo de Peru, México, Chile e Índia.
"Mantivemos o ciclo iniciado no ano passado com a perda de produtividade da economia brasileira, que deve continuar em queda", explicou Carlos Arruda, professor da Fundação Dom Cabral, instituição que coordena a pesquisa no Brasil. Segundo ele, o maior problema é a produtividade do trabalho, que não tem gerado riquezas suficientes para o País. "O aumento do número de empregos elevou a renda das famílias e o consumo interno. Mas boa parte desse consumo tem sido de produtos importados."
De acordo com a pesquisa, o Brasil perdeu 15 posições no item economia doméstica e 12 lugares em mercado de trabalho. Apesar da agenda positiva definida pelo governo nos últimos meses, diz o professor, os resultados ainda não apareceram. Para ele, o Brasil precisa de uma política industrial que amplie a desoneração da produção de outros setores, além do automobilístico. Aliado a isso, as empresas têm de firmar um compromisso de desenvolvimento da inovação e tecnologia.
"Recentemente, fizemos uma reunião com 220 gestores e o resultado foi surpreendente. Cerca de 80% deles estão investindo em inovação para atender seu cliente, o que é uma medida de curto prazo. Apenas 9% estavam aplicando recursos no desenvolvimento de novos produtos", relata o professor da Dom Cabral.
A mesma crítica foi feita pelo professor de Finanças do IMD, Nuno Fernandes. Segundo ele, apesar da necessidade de melhorias na infraestrutura logística, neste momento a base tecnológica e a produção científica merecem atenção especial por parte do governo federal (o item infraestrutura tecnológica perdeu uma posição, para 54.º lugar, e a científica ganhou três posições, para 33.º). "É a melhora desse tipo de infraestrutura que vai elevar o valor agregado do produto brasileiro."
Commodity. Hoje, segundo o professor, as únicas exportações que crescem são as de commodities, que têm menor valor agregado. A venda de produtos manufaturados, que geram mais riquezas para o País, ou está estagnada ou caiu. O item comércio internacional perdeu uma posição no ranking dos 59 países. Está em 56.º lugar.
Nuno Fernandes também destaca a necessidade de o governo criar mais oportunidades e melhorar o ambiente de negócios para que as empresas possam explorar o mercado de capitais. Na avaliação dele, hoje as companhias ficam muito dependentes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e de instituições privadas para se financiarem. Além disso, poucos grupos conseguem fazer captações no mercado internacional.
Apesar de perder duas posições no ranking geral, o Brasil teve melhoras em algumas áreas. As mais significativas foram verificadas no emprego, que ganhou cinco posições e pulou para o 6.º lugar no ranking, e a infraestrutura. Depois de piorar no ano passado, o setor conseguiu recuperar seis posições. Ainda assim, está em 45.º lugar.
O melhor índice de competitividade ficou com Hong Kong, agora isolado nessa posição - no ano passado, dividia-a com os EUA. A Suíça subiu dois degraus no ranking e ocupa agora a terceira posição.
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