quarta-feira, 23 de maio de 2012

OCDE defende reforço na barreira contra contágio

Fonte: Valor Econômico
Autor:  Assis Moreira

A Espanha e a Itália precisarão de € 1,25 trilhão para financiar suas dívidas soberanas para o resto de 2012 e 2013. O montante é equivalente a 13% do Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) fez esse cálculo para insistir na importância de reforço da barreira de proteção ("firewall") contra o contágio da crise. Para o "firewall" ser credível para a Espanha e a Itália, o mecanismo precisa ter mais ou menos o mesmo montante de necessidade dos recursos desses países, avalia a entidade dos países desenvolvidos.

O montante disponível do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (EFSF) e do Mecanismo Europeu de Estabilidade (ESM) atingirá € 500 bilhões, excluindo os € 200 bilhões comprometidos com Portugal, Grécia e Irlanda.

Os europeus esperam contar também com recursos adicionais obtidos pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), até o momento de € 362 bilhões.

O "firewall" poderá ser, em todo caso, insuficiente também na necessidade eventual de utilização de recursos para apoiar o setor financeiro, ou que membros do FMI que não pertençam à zona do euro também necessitem de socorro.


Para a OCDE, é possível que todo novo reforço da barreira contra contágio exija um comprometimento significativo do Banco Central Europeu (BCE).

Segundo estimativa da entidade, "a volta de incerteza desde o começo de maio reforça ainda mais a urgência de se examinar essas questões".

Assim, um "firewall" com credibilidade será a melhor maneira de evitar uma crise mais grave, insiste a direção da OCDE.

Na avaliação do secretário-geral, Angel Gurria, a Europa precisa reforçar seu mecanismo com seus próprios recursos, sem esperar dinheiro de outros países, dentre os quais estão a China e o Brasil.

Na cúpula informal dos líderes europeus, hoje a noite em Bruxelas, analistas não esperam porém nenhuma ação incisiva para responder à crise da dívida. O uso do ESM para uma recapitalização mais agressiva dos bancos ou um esquema europeu de seguro de depósitos deve ser levantado.

Mas nada substancial virá antes da cúpula formal de junho, o que para analistas deixa a zona do euro altamente vulnerável a novos choques que, cedo ou tarde, virão da Grécia.

Por outro lado, em relatório sobre as Perspectivas Econômicas Globais, a OCDE prevê que no curto prazo os países desenvolvidos terão uma baixa na sua taxa de poupança, enquanto a China e a Índia vão ter um papel mais e mais preponderante.

A baixa da poupança ocorre com a queda na produção, mas pode ser compensada de alguma maneira pelo desendividamento em alguns países. Outro fator é o envelhecimento das populações, que tendem a baixar a poupança.

Por sua vez, o peso crescente da China e da Índia, cuja parte na poupança mundial passará de apenas 30% em 2010 para 50% em 2030, é particularmente surpreendente, diz a OCDE.

A organização acha que a poupança nos emergentes poderá, em todo caso, variar mais se forem adotados sistemas de proteção social mais fortes ou aceleração no acesso a crédito.

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