Fonte: Agência Câmara de Notícias
As dificuldades enfrentadas pelo comércio entre o Brasil e a Argentina deverão ser discutidas na próxima semana por parlamentares dos dois países, em debate com o ministro brasileiro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel.
O debate proposto pelo senador Roberto Requião (PMDB-PR) foi aprovado nesta terça-feira (29) pela Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul (Parlasul).
Na opinião do senador, que preside a representação brasileira, os parlamentares têm sido “marginalizados” das discussões sobre o aumento da retenção de produtos industrial e agrícola de origem brasileira e argentina nas aduanas de ambos os parceiros comerciais comércio bilateral. Ele pretende convidar representantes das comissões de Economia da Câmara e do Senado da Argentina para um primeiro encontro, em Brasília, na terça-feira (5).
Depois os integrantes da representação brasileira farão uma visita ao Congresso Nacional argentino, na tentativa de estabelecer um diálogo sobre o comércio bilateral. “Em vez de promover uma guerra comercial com a Argentina, precisamos conversar, montar um projeto comum de desenvolvimento industrial. O caminho que se delineia é o da unidade, com a participação da Venezuela, que tem um mercado incrível. O Congresso e o Parlasul têm sido marginalizados de forma deliberada e sequer têm recebido informações oficiais”, reclamou Requião.
O ingresso definitivo da Venezuela ainda depende da aprovação do Senado do Paraguai. A adesão do quinto sócio do bloco já foi aprovada pelos Legislativos de Argentina, Brasil e Uruguai.
Empresários do Sul
Os deputados Valdir Colatto (PMDB-SC), Osmar Terra (PMDB-RS) e Mauro Mariani (PMDB-SC) apoiaram a audiência pública e defenderam a busca de uma solução para que se acabe com o impasse comercial.
Durante a reunião, parlamentares do Sul do país relataram as dificuldades que empresários da região vêm enfrentando na relação comercial com a Argentina. O deputado Osmar Terra informou que as maiores fábricas brasileiras de tratores e colheitadeiras, situadas no Rio Grande do Sul, estão paralisando a produção porque não conseguem exportar para a Argentina, seu único cliente importante no exterior.
Além disso, observou o deputado, as indústrias do setor estão sendo estimuladas pelo governo de Buenos Aires a montar suas fábricas no país vizinho. “Não quero que a Argentina quebre ou vire um caos, mas a solução não pode ser feita à custa de nossos empregos”, disse Terra.
Os deputados Mauro Mariani e Valdir Colatto relataram problemas semelhantes ocorridos no estado de Santa Catarina, cujas exportações para a Argentina caíram bastante nos últimos 12 meses, especialmente em produtos como geladeiras, motores e geradores.
Requião reconheceu a forte queda das exportações brasileiras para a Argentina; mas também mencionou os altos superávits mantidos pelo Brasil no comércio bilateral ao longo dos últimos anos. Em 2011, recordou o senador, o superávit brasileiro alcançou 4,5 bilhões de dólares (cerca de R$ 9 bilhões).
Ele também citou os esforços feitos pelo próprio governo brasileiro, no sentido de reduzir as importações de outros países. Na opinião do senador, os dois países teriam a lucrar se unissem os esforços na construção de um projeto comum de desenvolvimento industrial. “Precisamos não de confronto, mas de uma aliança dos países do Mercosul, para enfrentarmos os grandes mercados do mundo, que não querem outra coisa senão exportar para cá”, observou Requião.
Instituto Social do Mercosul
No início da reunião, a representação aprovou a Mensagem Presidencial 79/12, que submete ao Congresso Nacional a decisão do Conselho do Mercado Comum 37/08, que estabelece a estrutura do Instituto Social do Mercosul (ISM).
O relator da matéria, senador Luiz Henrique (PMDB-SC), defendeu a importância do órgão para o processo de integração regional, como um meio de combate às assimetrias existentes entre os países. "As diferenças sociais, culturais e econômicas acontecem entre os países e também dentro de cada território", explicou.
A mensagem será encaminhada para tramitação na Câmara dos Deputados e, posteriormente, no Senado Federal.
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