O governo brasileiro tem uma larga margem de atuação para reagir à crise caso a situação na Europa se agrave a ponto de gerar uma parada abrupta do crédito externo, dentre outros efeitos perversos sobre o país.
Além de dispor de US$ 372,5 bilhões em reservas cambiais para enfrentar uma escassez temporária de recursos internacionais, há um leque de medidas de restrição cambial tomadas quando a taxa de câmbio se valorizava que poderiam ser alteradas, como o IOF sobre empréstimos externos com prazo inferior a cinco anos e até mesmo a taxação no mercado de derivativos (neste caso, a resistência a mexer é maior).
Somam-se a isso os cerca de R$ 393 bilhões em depósitos compulsórios - nível bem superior ao que havia antes da crise de 2008/2009 - e as medidas macroprudenciais de dezembro de 2010, apenas parcialmente afrouxadas em novembro do ano passado.
Há, inclusive, medidas macroprudenciais específicas para restringir os financiamentos de automóveis - como maior requerimento de capital dos bancos para operar com esses financiamentos - ainda em vigor, apesar da preocupação do Ministério da Fazenda em ajudar as montadoras a vender os 360 mil carros em estoque.
A orientação do Palácio do Planalto, porém, é aguardar os acontecimentos ao invés de fazer um "picadinho" de iniciativas de baixo efeito.
Se a Grécia sair do euro ou se as lideranças europeias não socorrerem a Espanha, cujo sistema financeiro está extremamente frágil, haverá profundo estresse nos mercados. O governo quer ter munição suficiente para agir e, no que for possível, proteger a economia doméstica desses danos.
Na avaliação de assessores da presidente Dilma Rousseff, o afrouxamento das metas fiscais seria das últimas medidas desse cronograma, para ser acionada em caso extremo.
Na linha de frente da política macroeconômica está a redução da taxa básica de juros. O Copom conclui hoje a sua reunião para decidir sobre mais um corte da Selic, que deve sair de 9% para 8,5% ao ano.
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