Em resposta à onda de pessimismo que invadiu os mercados financeiros, o Banco Central (BC) iniciou estratégia para melhorar as expectativas, principalmente de investidores estrangeiros. Na semana passada, analistas baseados em Nova York foram chamados para conversas privativas — em alguns casos, com o próprio presidente do BC, Alexandre Tombini. O objetivo é tentar conter o viés negativo que passou a dominar relatórios produzidos por instituições financeiras nas últimas semanas e que claramente afetou os preços dos ativos no mercado local.
A mensagem do BC é que a atividade vai começar a responder aos estímulos no segundo semestre. A autoridade sinalizou que agirá com “parcimônia” na condução da política monetária — o que significa cortes menores na taxa de juros —e deixou claro que não permitirá que o dólar avance além do patamar atual, de R$ 2,00. “O BC vendeu muito pessimismo em agosto, para justificar suas decisões de política monetária, e talvez isso tenha contribuído para esfriar ainda mais a economia”, diz um dos profissionais convidados para os encontros.
Em resposta à forte onda de pessimismo que invadiu os mercados financeiros nas últimas semanas, o Banco Central (BC) iniciou uma estratégia para balizar as expectativas. Na última semana, analistas situados em Nova York foram chamados pela autoridade monetária para conversas privativas - em alguns casos, com o próprio presidente do BC, Alexandre Tombini. O objetivo dessa ação seria tentar conter o viés mais negativo que passou a dominar os relatórios produzidos pelas instituições financeiras nos últimos dias e que claramente afetou os preços dos ativos no mercado local. O saldo das conversas, segundo relatos de participantes dos encontros, é a mensagem do BC de que a atividade vai começar a responder aos estímulos no segundo semestre. Essa previsão, somada à preocupação de que o dólar avance para cima dos R$ 2,00 de forma permanente, confirma a ideia de que a parcimônia vai conduzir as próximas decisões de política monetária do BC.
"O BC vendeu muito pessimismo em agosto, para justificar suas decisões de política monetária, e talvez isso tenha contribuído para esfriar ainda mais a economia", explica um dos profissionais convidados para um encontro pessoal com a autoridade monetária. "Agora, o BC quis passar mais otimismo, o que parece estranho em um momento em que o mundo claramente está em deterioração".
Justamente por ser um discurso com alguma "contradição" em relação ao atual momento global, o especialista diz que essa "estratégia" deve ter ajudado a confundir a curva de juros, que oscilou bruscamente na última semana.
A taxa Selic em 8% passou a ser considerada um "piso", depois de um período em que as apostas se consolidavam mais perto de 7,50%.
Segundo relato do analista, o resultado do alívio monetário em curso provavelmente será percebido em breve, provavelmente no segundo semestre. "Há coisas domésticas atrapalhando o canal do crédito e, na visão do BC, essas travas já estão sendo retiradas", afirmou outro profissional, que também manteve contato com o BC. "A mensagem da parcimônia ficou bem clara em todo o tempo, tanto na questão dos juros quanto na do câmbio", afirma.
"A visão da autoridade monetária é a de que o dólar está bom, mas que agora já "está bom"", relata uma fonte ligada ao governo, confirmando a visão de que BC e Fazenda estão satisfeitos com o nível do dólar atual. Ou seja, que suas atuações por meio de contratos de swap cambial pretendem, sim, garantir que a moeda não avance para cima dos R$ 2,10. "O BC quer dosar a evolução do dólar, e para isso é preciso dar saída ao investidor", afirma a fonte. "O que o BC não poderia fazer neste momento é se omitir, como aconteceu em 2008", explica. Ele lembra que o endividamento externo privado é elevado - de cerca de US$ 165 bilhões, segundo último dado disponível no BC, referente ao fim de 2011 - e uma desvalorização cambial abrupta e intensa pode ser uma dificuldade importante para as empresas.
Uma situação dramática, como a saída da Grécia da zona do euro, poderia, na visão dos especialistas, trazer uma pressão extra sobre a moeda. Nesse caso, não há dúvidas de que o BC atuaria vendendo reservas. "O BC tem dito repetidamente que as reservas existem para ser usadas", afirma a fonte. "Mas, neste momento, o que ele está fazendo é mostrar que pode oferecer o hedge necessário para quem está exposto ao câmbio."
A movimentação do Banco Central ocorre justamente no momento em que instituições financeiras, em especial estrangeiras, têm afirmado em relatórios que a fraqueza da economia brasileira começa a tirar o país da condição de "queridinho" do mercado global. A leitura é de que o dinamismo da economia doméstica garantia uma certa proteção do mercado local diante das turbulências externas. Com a retração da atividade, confirmada pelo último IBC-Br, espécie de indicador antecedente do PIB calculado pelo BC, essa "âncora" teria sido perdida. O excesso de intervenções por parte da Fazenda, tanto na política monetária quanto na cambial e no sistema financeiro, amplia ainda mais o tom negativo traçado por esses analistas.
É bom lembrar que, na sexta-feira, será divulgado o resultado oficial do PIB do primeiro trimestre. O BC parece estar atento ao efeito negativo que esse número pode provocar nos negócios. E quer dar um sinal mais claro ao mercado de que, a despeito da piora que se vê no exterior, a hora é de manter a parcimônia. "Acredito que o BC até poderia ser mais agressivo no corte de juros se houver uma ruptura no exterior. Mas, antes disso, a orientação parece ser a da parcimônia", conclui um analista.
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