Os países emergentes vão tentar obter das economias avançadas nesta semana a ratificação do acordo para aumento do seu poder de voto no Fundo Monetário Internacional (FMI) como um gesto de boa vontade para que participem da injeção de mais dinheiro no organismo.
Como esperado, os ministros das Finanças do G-20 não chegaram a um acordo em reunião nesse fim de semana na Cidade do México sobre o aporte de US$ 600 bilhões ao FMI, que praticamente duplicará os recursos disponíveis para evitar que outros países sejam contaminados numa eventual piora da crise europeia.
Depois de amanhã, o corpo técnico do FMI vai apresentar o seu relatório "Revisão da Fórmula de Quotas: Considerações Iniciais" à diretoria do organismo, que oficialmente dará início as negociações dentro do Fundo para, conforme já acordado em reuniões anteriores do G-20, aumentar o poder de voto dos países emergentes. No sábado, os ministros de Finanças dos Brics (grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) discutiram sua estratégia nas negociações para aumento de cota no FMI, em reunião informal na Cidade do México.
A fórmula é considerada fundamental porque, dependendo dos critérios adotados, as economias emergentes podem ganhar maior ou menor poder de voto. As negociações vão se estender até janeiro de 2013, e a fórmula acordada servirá como parâmetro para uma redistribuição do peso no FMI marcada para 2014.
Pela fórmula atual, o tamanho do Produto Interno Bruto (PIB) tem peso de 50% na definição das cotas no FMI, enquanto que o grau de abertura das economias tem peso de 30%. Na nova fórmula, quanto maior for o peso do tamanho do PIB, melhor para os países emergentes. Economias menores da Europa querem que o critério "abertura econômica" mantenha o seu atual peso.
O diretor executivo do Brasil e de outros oito países no FMI, Paulo Nogueira Batista Júnior, afirma que não há uma ligação direta entre a reunião de quarta-feira e as discussões para injetar dinheiro no Fundo. Já há um acordo para a revisão das cotas feito em 2010 que deve ser levado adiante independentemente do sucesso da captação de recursos no FMI.
"A ligação é indireta", disse ele. "Se sentirmos na reunião de quarta, por exemplo, que há um compromisso de levar adiante uma reforma de cotas consistente com os princípios que já foram estabelecidos, isso nos estimulará a nos sentirmos mais parte da instituição e a eventualmente contribuir."
Desde a crise econômica de 2008, o FMI já fez duas rodadas de revisão das cotas. Uma das preocupações do Brasil é que a mais recente revisão, de 2010, seja colocado em efeito ainda neste ano. Para tanto, é necessário que a mudança seja aprovada pelos Legislativos de países que representem ao menos 85% dos votos. Os europeus, que tem mais a perder nessa revisão, tem sido muito lentos na ratificação. "A revisão de cotas de 2010 está sob ameaça", disse no sábado o ministro da Fazenda, Guido Mantega, logo após a reunião dos Brics.
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