Mesmo com o câmbio altamente desfavorável, a indústria brasileira conseguiu em 2011 ampliar ligeiramente o seu índice de produção exportada. De acordo com indicador nacional apurado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), o percentual da produção exportada da indústria brasileira passou de 21,6% em 2010 para 22% no ano passado. "O índice mostrou que, com a queda do mercado doméstico, a indústria nacional teve de ir ao mercado internacional", disse Guilherme Mercês, gerente de Estudos Econômicos da Firjan.
Ao mesmo tempo, o Índice Firjan de Produção Exportada (IFPE) mostrou, quando se mede o perfil tecnológico das exportações brasileiras, a participação dos bens de alta intensidade tecnológica caiu exatamente à metade em uma década, passando de 16,4% das exportações totais em 2001 para 8,2% em 2011. Os bens intensivos em trabalho e recursos naturais, aí incluídas as indústrias intensivas em mão de obra, como a de vestuário, a de e calçados e a de couros, também perdeu significativa participação, passando de 11,9% do total exportado em 2001 para apenas 4,3% no ano passado.
Após ressalvar que, enquanto o IFPE cuida exclusivamente da parcela exportada da produção industrial, enquanto o perfil tecnológico refere-se às exportações como um todo, Mercês disse que a perda de participação dos bens de alta intensidade tecnológica no total exportado evidencia um cenário de baixo investimento em evolução tecnológica, resultando em dificuldade para competir internacionalmente nos segmentos industriais mais sofisticados.
Já em relação aos segmentos intensivos em trabalho, ele ressalta que, para além do câmbio, a perda de competitividade brasileira em relação aos países asiáticos tem a ver com custos salariais e trabalhistas mais altos do lado de cá, com infraestrutura deficiente e com custos tributários elevados. Em resumo, Mercês entende que os problemas estruturais, também conhecidos como "custo Brasil", ultrapassam o efeito conjuntural da moeda sobrevalorizada.
De 2010 para 2011, o IFPE mostrou que a indústria metalúrgica foi decisiva para que houvesse crescimento na fatia da produção exportada. Ela vendeu para o exterior 33,8% da sua produção, ante 30% no ano anterior. Foi decisivo para esse desempenho a entrada em operação da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), instalada no município do Rio de Janeiro. A empresa, do grupo alemão ThyssenKrupp, com capacidade instalada de 5 milhões de toneladas de placas de aço, produz exclusivamente para o mercado externo.
Após manter de 1996 até 2000 uma média de 15,4% de produção exportada, a indústria brasileira elevou essa média para 21,6% de 2001 a 2011, sendo o pico do crescimento atingido em 2005 quando foram exportados 25% de toda a produção industrial do país. Naquele ano a liderança foi da metalurgia, de máquinas e equipamentos e dos veículos automotores, cujas fatias da produção exportadas alcançaram, respectivamente, 40,5%, 32,7% e 30,8%.
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