Segundo ministro, acordo com credores sai dia 20. Presidente pede para não receber salário
ATENAS. Os líderes partidários da Grécia finalmente cumpriram as duas últimas condições exigidas por União Europeia (UE) e Fundo Monetário Internacional (FMI) para selar um novo socorro, de 130 bilhões, afirmou ontem à noite o ministro de Finanças do país, Evangelos Venizelos.
Ele disse que o governo já decidiu onde vai cortar mais 325 milhões em gastos, além dos 3,3 bilhões já acertados. Além disso, os líderes dos principais partidos assinaram um compromisso de que implementarão as medidas de austeridade.
- A grande questão dos 325 milhões foi finalizada, e isso ajudou as discussões - disse Venizelos depois de uma teleconferência do Eurogrupo, formado pelos ministros de Finanças da zona do euro.
Estes haviam exigido que os dois itens fossem resolvidos antes de uma decisão sobre um novo pacote de ajuda. A Grécia precisa de recursos para honrar vencimentos da dívida em 20 de março, no valor de 14,5 bilhões. Antes da teleconferência, Venizelos havia dito que alguns países estavam "brincando com fogo" ao apostar que a Grécia não cumpriria as exigências.
- Alguns poderes na Europa estão brincando com fogo porque acreditam que os requisitos não serão cumpridos, e há até quem queira a Grécia fora da zona do euro - disse o ministros.
Venizelos informou ainda que o presidente grego, Karolos Papoulias, pediu para não mais receber salário, como forma de solidarizar-se com a população em meio à crise. Segundo cálculos da agência de notícias Bloomberg News, com base em documentos do governo, Papoulias ganha cerca de 300 mil anuais.
Segundo Venizelos, a decisão de Papoulias foi um "gesto simbólico em um momento em que o povo grego é chamado a enfrentar sacrifícios". No último domingo, quando o Parlamento votava as medidas de austeridade, que incluem cortes de salários e aposentadorias, 45 imóveis foram incendiados durante protestos.
O líder do partido conservador Nova Democracia, Antonis Samaras, só entregou a declaração de que estava comprometido com as reformas horas antes da teleconferência. Ele é visto como o provável vencedor das próximas eleições, em abril. Apesar de prometer levar adiante as reformas se for eleito, mas ressaltou que é preciso dar prioridade à recuperação da economia.
Venizelos disse esperar que os representantes da zona do euro fechem todos os detalhes do novo pacote na segunda-feira, abrindo caminho para um acordo com os credores privados para a redução da dívida. Segundo o ministro grego, haverá uma reunião para discutir o assunto domingo, em Bruxelas.
Mas fontes disseram à agência de notícias Reuters que a nova ajuda à Grécia pode ser adiada, pelo menos em parte, até a realização das eleições, em abril.
- Há propostas para adiar o pacote para a Grécia ou dividi-lo, de maneira a evitar um calote - disse à Reuters um funcionário da zona do euro.
Uma ajuda em parcelas permitiria fechar um acordo com os credores privados.
Depois da teleconferência, o presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, afirmou em nota que foram feitos progressos. Ele disse que ainda precisam ser resolvidos mecanismos específicos, mas manifestou confiança de que "o Eurogrupo tomará as decisões necessárias no próximo dia 20".
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