A adoção pelo Brasil de medidas de proteção a setores da indústria que estão perdendo espaço para as importações de produtos chineses já foi discutida com representantes do governo chinês. Presente em uma palestra sobre o comércio bilateral entre os dois países na Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), realizada pelo Conselho Empresarial Brasil-China, o embaixador brasileiro em Pequim, Clodoaldo Hugueney, afirmou que agora serão anunciadas medidas específicas de proteção.
Segundo Hugueney, o diálogo é a melhor maneira para manter em crescimento as relações comerciais. "Os chineses não gostaram, mas entenderam. Explicamos que, no atual momento da economia mundial, que é de grande incerteza, alguns produtos aumentaram a importação em 80%, 90%, em um ano. Comércio exterior não é para quebrar a indústria local."
O embaixador não deu datas, mas disse que os setores que receberão medidas protecionistas serão anunciados em breve. O aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros importados, anunciado em agosto do ano passado, foi um primeiro passo na tentativa de balancear a pauta bilateral. Os produtos têxteis, que não estão conseguindo competir com a China e com o leste asiático, também podem ser alvo da política do governo.
"Medidas de proteção todo mundo toma, de uma forma ou de outra", afirmou Hugueney, para depois explicar que os chineses serão avisados novamente. "Agora vamos tomar o segundo passo, que é o anúncio das medidas específicas. E o tom vai ser o mesmo, de explicar o que está acontecendo com a indústria nacional."
A recente conversa entre os governos brasileiro e chinês também teve como um dos tópicos a maior abertura do mercado asiático. "Estamos fazendo uma combinação de medidas defensivas com estratégias ofensivas. A BR Foods conseguiu entrar agora lá, depois de três anos de negociações. O importante é manter constante o diálogo."
No ano passado, o Brasil registrou superávit de US$ 11,5 bilhões no comércio com a China. No entanto, apenas três produtos (minério de ferro, soja em grão e petróleo e derivados) foram responsáveis por 80,4% do total de receitas geradas com a exportação para o país asiático. A estratégia do governo é diversificar os produtos comprados pelos chineses, aumentando a presença de partes do agronegócio com maior valor agregado, como carnes congeladas.
Em contrapartida, a China fornece ao país bens industrializados. Em 2011, máquinas e aparelhos eletrônicos e suas partes e aparelhos elétricos para telefonia foram os principais itens e somaram US$ 12,1 bilhões. O maior crescimento, no entanto, ocorreu em bens de capital, com alta de 63,8% em máquinas para a construção civil; de 33,4% para a indústria têxtil (33,4%) e de 47,1% em máquinas para o setor metalúrgico (47,1%).
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