quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Comércio com Síria encolhe e exportação cai 84% em janeiro

Fonte: Valor Econômico
Autor:  Rodrigo Pedroso

As vendas brasileiras para a Síria caíram bruscamente nos últimos meses. No quarto trimestre de 2011, os produtos exportados pelo país somaram US$ 53 milhões, número 39% menor em relação aos US$ 134 milhões registrados no trimestre anterior pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). Também afetadas pela crise política pela qual passa o regime do presidente Bashar Al-Assad, as importações brasileiras do país declinaram antes: enquanto no primeiro semestre de 2011 o Brasil comprou US$ 43 milhões, nos últimos seis meses do ano, quando os conflitos entre governo e rebeldes sírios se acirraram, o comércio praticamente estacionou, chegando a U$$ 1,6 milhão.

Em função da situação instável nos negócios, as exportações brasileiras passaram de US$ 547 milhões em 2010 para US$ 366 milhões ao longo do ano passado. Açúcar e café, que somados representaram 87% das vendas aos sírios em 2011, tiveram forte desaceleração no período mais recente. No terceiro trimestre, os dois produtos somaram US$ 117 milhões. No quarto, US$ 46 milhões. O petróleo sírio "secou" no Brasil. No primeiro semestre ele representou US$ 40 milhões das importações dessa commodity. Nos últimos seis meses do ano passado, elas cessaram.

A menor demanda dos sírios pelos produtos primários brasileiros reflete a tendência de queda no Produto Interno Bruto (PIB) daquele país previsto para este ano. De acordo com Rodrigo Solano, gerente de negócios e mercados da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, o encolhimento nas exportações deve continuar. "A estimativa é de 5% de encolhimento no PIB sírio, com retomada no mesmo nível em 2013. Mas as importações sírias vão ser mais afetadas, com previsão de 20% de decréscimo."


Essa tendência do comércio para este ano já foi sentida em janeiro, mas em uma proporção muito superior à estimada pela entidade. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, as vendas brasileiras para o país árabe caíram 84% e foram de apenas US$ 5,6 milhões.

Como o açúcar é o principal produto demandado pelos sírios, um fator interno brasileiro também pode ajudar a diminuir as vendas. "Precisar ver também como será a safra neste ano, qual parte será destinada ao açúcar e qual ao etanol. Além disso, é necessário observar os desdobramentos do cenário político na região, como as situações de Irã, Israel e Palestina", disse Solano.

Apesar das perspectivas para o comércio na região para este ano não serem favoráveis, no longo prazo o Brasil tem a chance de gerar mais divisas se diversificar a pauta de exportações. Segundo levantamento da câmara, açúcar, carnes e minério de ferro representam 75% de tudo o que é vendido por brasileiros aos países árabes. "Dos 22 países que compõem a região, as maiores importações per capita estão nos setores de maquinários, produtos de moda, materiais de construção e alimentos. Eles têm um leque diversificado de importações, por isso podemos criar boas oportunidades de vendas", afirmou.

No ano passado, o total das exportações brasileiras à Liga Árabe - que reúne os 22 países - somou US$ 15,1 bilhões, número baixo considerando a demanda do bloco. No mesmo período, os árabes compraram US$ 164 bilhões do mundo inteiro apenas de produtos dos quatro setores citados por Solano.

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