O governo brasileiro está definindo a agenda dos "Diálogos Sustentáveis", os painéis de alto nível que irão acontecer no Rio de Janeiro, de 16 a 19 de junho, na véspera da Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. Serão oito temas, dois por dia, debatidos em painéis com dez pessoas. Os assuntos serão relacionados ao desenvolvimento - energia, segurança energética e alimentar, economia de longo prazo, consumo, agricultura. A intenção é convidar renomados especialistas em cada área e ganhadores do prêmio Nobel.
Estes "dias do meio" ou "dias-sanduíche", como são popularmente chamados, ficam, no calendário da Rio+20, exatamente depois de o último evento oficial preparatório (de 13 a 15 de junho) e na véspera da reunião dos chefes de Estado (de 20 a 22 de junho). Não serão eventos oficiais nem terão caráter deliberativo, mas irão acontecer dentro do Riocentro, o lugar da reunião de cúpula. Trata-se de decisão estratégica. "Será mais um esforço para fazer com que os líderes escutem as demandas da sociedade", diz Fernando Lyrio, assessor extraordinário para a Rio+20 do Ministério do Meio Ambiente. "Nas discussões da sociedade civil há uma riqueza de informações que tem que ser melhor encampada pelo processo multilateral de tomada de decisão", diz.
Outros eventos da sociedade programados para acontecer pouco antes da reunião de cúpula têm pouca chance de influenciar o documento final da conferência, explica. O que resultar da Rio+20 terá que ser consensual entre todos os países. O documento base da conferência - "O Futuro que Queremos" - já vem sendo discutido em fóruns da ONU.
Lyrio participou ontem, no hotel Maksoud Plaza, em São Paulo, do painel "Despertar para a Rio+20", promovido pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag). Outro ponto destacado foi o fato de a Rio+20 ser uma conferência de desenvolvimento, e o pilar ambiental, apenas um de seus vértices - os outros dois são o econômico e o social. "
Temos que nos concentrar neste ponto para não assistirmos a um retrocesso conceitual", disse o embaixador André Correa do Lago, chefe do departamento de Meio Ambiente e Temas Especiais do Ministério das Relações Exteriores. O retrocesso seria, segundo ele, não discutir desenvolvimento e apenas ambiente.
A preocupação teve eco no público. "Vimos reações europeias recentes com risco de perda de foco do evento", disse Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag). "O tema da Rio+20 é sustentabilidade e não meio ambiente." Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura do primeiro mandato do governo Lula lançou suas farpas: "Tenho muito medo que essas reuniões gigantes se transformem em uma imensa masturbação intelectual sem compromisso algum."
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