Revisão foi determinada pela presidente Dilma, que recomenda "jogo duro"
O déficit comercial na balança automotiva com o México, que chegou a US$ 2 bilhões em 2011, é um grave problema para a economia brasileira e a situação precisa ser revista com urgência, pois há ameaça de desemprego com o surto de importações de automóveis e peças. Essa avaliação foi repassada ontem, no Itamaraty, à chanceler mexicana Patricia Espinosa e ao secretário de Economia, Bruno Ferrari, em reunião com os ministros Fernando Pimentel (Desenvolvimento), Antonio Patriota (Relações Exteriores) e o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa.
Seguindo determinação da presidente Dilma Rousseff de "jogar duro" com as autoridades mexicanas, o governo brasileiro exige a revisão do acordo, em vigor há dez anos. Está na mesa a chamada restrição voluntária de exportações pelo México, que consiste na limitação das importações de automóveis para permitir o equilíbrio na balança comercial automotiva.
A irritação do governo tem ainda como componente o fato de o México ter passado a importar carros usados dos Estados Unidos, prática que não existia até dois anos atrás. Em 2010, foram importados 600 mil automóveis usados dos EUA. Com isso, as montadoras do Brasil perderam mercado. Além disso, enquanto o índice de nacionalização exigido no Brasil é de 65%, no México o percentual é de 30% - o Brasil coloca em dúvida se o automóvel importado do México é mexicano.
Segundo um participante da reunião, Barbosa disse que o intercâmbio com o México "se transformou em um problema econômico para o Brasil". A negociação começou no início da tarde. O Brasil apresentou suas reivindicações e a reunião foi suspensa, por volta de 16h, para que as autoridades mexicanas consultassem o presidente Felipe Calderón. As conversas foram retomadas à noite, quando o Itamaraty recebeu uma contraproposta. A solução deve sair hoje.(Eliane Oliveira)
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