quarta-feira, 6 de julho de 2011

China e Brasil - Acordo frustrado

Acordo frustado

Em novembro de 2004, durante visita do presidente chinês Hu Jintao a Brasília, o então presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva prometeu reconhecer a China como economia de mercado, mas até hoje a medida não foi regulamentada pelo governo brasileiro. Desde então, os chineses cobram a promessa, e a frustração com o descumprimento do acordo foi um dos motivos do relativo esfriamento das relações sino-brasileiras, após um começo animado no governo Lula.

De acordo com calendário previsto pela Organização Mundial do Comércio (OMC), em 2016 - 15 anos depois da adesão chinesa à entidade - todos os sócios da OMC terão de reconhecer a China como economia de mercado. Isso significa que, ao criar tarifas de importação punitivas e adotar medidas antidumping, terão de provar que as vendas chinesas são feitas com preços abaixo do "normal" no mercado chinês. Na prática, será mais difícil proteger concorrentes nacionais das mercadorias da China, sob a alegação de preços desleais. Com o reconhecimento, estratégias em relação à China, baseadas em medidas de proteção, serão cada vez mais custosas e arriscadas.

Quase cem países já fizeram o reconhecimento da China como economia de mercado, mas grandes parceiros, como EUA, União Europeia e Índia, ainda não. Por isso a China insistiu tanto e conseguiu tirar do Brasil, em 2004, o reconhecimento formal, que, para ter efeito, precisaria ser regulamentado.

Com a crise nos mercados desenvolvidos, a partir de 2008, os esforços diplomáticos chineses se voltaram para os países emergentes em busca de maior articulação em instâncias internacionais. O Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, antes visto sem grande entusiasmo pelos asiáticos, ganhou novo peso.

A mudança da atitude chinesa em relação aos emergentes e a consciência da forte pressão dos empresários brasileiros por medidas contra a entrada de produtos chineses, em período de crescente comércio bilateral, diminuiu a insistência sobre o reconhecimento como economia de mercado, tema que pode estar sendo retomado agora.

Fonte: Valor Econômico

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